sexta-feira, 24 de junho de 2016

Os 90 minutos de volta aos 90.

O Brexit, saída do Reino Unido da União Europeia, é apoiado por Donald Trump, o fascista estadunidense, Nigel Farage, o fascista inglês, e Marine Le Pen, a fascista francesa.

Quando tanta gente ruim apoia uma coisa, não poder se uma boa ideia.

Se aprovado, trará consequências ao futebol europeu. E caso outros países com governos conservadores comecem a desmontar o bloco aderindo à ideia, países secundários puxarão a fila.

O que isso tem a ver com o futebol?
Seria o fim do efeito da lei Bosmam que permite livre circulação de jogadores (trabalhadores) na união europeia. Só pra exemplificar o caso do Reino Unido, caso o parlamento não vete, e a tendência é de aprovação, Gareth Bale do Real Madrid, passaria a utilizar vaga de estrangeiro e os não ingleses teriam o mesmo destino nas terras de xeiquispir.

O que isso na prática significaria pra nós, sul-americanos?
Bem, europeus ocupando vaga de estrangeiros, voltaríamos ao modelo dos anos 90 onde somente os mais destacados seriam contratados.
Pra se ter uma ideia, hoje, a Fifa determina 3 vagas para estrangeiros nos times com alguma variação de país pra país. Um time como o Real Madrid, possui, Casemiro, James e Danilo ocupando essas vagas. Com a Espanha fora da zona euro, o clube teria que escolher apenas 4 nomes do grupo formado por: Pepe, Modric, Bale, Cristinaldo, Benzema, kroos...além dos já citados, Casemiro, Danilo e James. Além de abrir mão de tentar Pogba, Agueiro e Douglas Costa. (Marcelo e Navas possuem nacionalidade espanhola).
O Barcelona teria um pouco menos de problemas, já que utiliza muito a base e alguns estrangeiros não são tão fundamentais, como Arda, Adriano, Mathieu e Rakitić. Teria problemas no gol onde os dois goleiros são de fora. Mascherano deve sair e Alves possui nacionalidade, porém sai do clube.
De todas as maneiras, na prática, na velocidade da política e da burocracia, possivelmente apenas o que estiver relacionado com o reino unido teria algum impacto imediato. A adesão de outros países poderá se dar em décadas e não alcançaria as gerações atuais de jogadores.
Imagino também, que mesmo que fosse imediato, os organismos europeu e mundial que regem o futebol, dariam algumas concessão ou carências para as novas adequações evitando prejuízos aos clubes e aos atletas pelo menos por um prazo de uns 5 anos que é o tempo máximo permitido de duração contratual.
Particularmente, penso que seria bom para o futebol em geral fazendo com que os clubes equiparem forças, invistam e apostem na base e distribuía os talentos de maneira mais uniforme.
É esperar pra ver.

sábado, 11 de junho de 2016

A Fogueira de Jesus

 
Sem (São) João! Informa o cartaz.

A onda evangélico conservadora que tomou conta da educação de muitas cidades em vários estados nas últimas décadas, vem pouco a pouco causando transformações comportamentais que acabam por distorcer características culturais que sempre fizeram parte da convivência social entre escola e comunidade.
Nos últimos anos, pessoalmente, pude constatar a diminuição ou a maquiagem de importantes traços desses laços.

As festas juninas, em muitas escolas, tanto públicas quanto privadas, dirigidas por evangélicos ou com o quadro de professores maioritariamente com essa inclinação religiosa, foram definitivamente suprimidas, minimizadas ou transformadas em festas "neutras" por um entendimento particular de que eram festas católicas. Presenciei inclusive mesas de bilhar e jogos de cartas comprados com intuito estritamente lúdico, juntamente a outros jogos coletivos, serem desativados nestas gestões por carregarem um ranço preconceituoso relacionados com supostos vícios pecaminosos.

Hoje é possível ver em muitas escolas, e isso é uma tendência crescente, que ao invés de eliminar a tradicional celebração do mês de junho, acabam por transforma-la em algo sem o menor contexto ou importância cultural. Inúmeras escolas, e isso pude presenciar pessoalmente, transformaram essas festas em festas "Country" numa tentativa torpe de preservar a referência caipira das quadrilhas. Um fiasco! Um pastiche!
Meninos e meninas com chapéus, vestidos em estampas xadrez calçando botas reluzentes brincando ao som de Aline Barros e sua trupe sem terem ideia da razão daquilo. Formando pares serelepes numa quadrilha...gospel!

Aliás, Gospel, é uma palavra coringa. "Gourmetiza" algo que é pecado em algo santo.

Quadrilha é festa católica. É pecado.
Quadrilha Gospel não!
Balada é festa 'do mundo' e é pecado.
Balada Gospel não!
Show de rock é libertinagem, portanto, é pecado!
Rock Gospel não! ( Principalmente o do Rodolfo Abrantes :P )

Os governos não interferem, com medo de surras nas urnas caso desagrade alguma congregação. Embora muitas de suas pastas sejam secretariadas por pessoas de mesmo viés religioso, portanto, nada fazem.
Os políticos locais? Remam de acordo com a maré eleitoral.

Aqueles velhas cantigas de São João, que serviam de roteiro para animadas quadrilhas soam cada vez mais longe e mais tímidas ou possuem versões adaptadas ao selo "Gospel". A encenação, sob o olhar de Santo Antônio, do casamento caipira com direito a padre cômico? Peça de museu.
Fogueira de São João? Necas! Talvez num futuro queime alguns infiéis.

As festas juninas hoje nas escolas são apenas um arremedo do que um dia foi um forte e característico traço cultural, em um passado não tão distante que inclusive não ficava restrito ao ambiente escolar. Há duas décadas era normal ver várias ruas em todos os bairros fechadas e caprichosamente enfeitadas para essas celebrações. Tudo feito manualmente envolvendo a participação geral.

É uma pena ver, na altura do calendário gregoriano, que a ignorância e a intolerância vença algo que unia as pessoas. E pra mais espanto, que isso esteja acontecendo em ambiente escolar.

Possivelmente, algum desavisado poderia interpretar esse texto como preconceituoso em relação à doutrina evangélica, mas, o que escrevi aí pode ser constatado daqui a pouco ou inclusive agora. Basta perguntar às diretorias das escolas de todas as crianças que conheça, como serão organizadas as festas juninas, sua programação e temática (como se existissem opções de temas para essas festas). Perceberão que muitas sequer celebrarão algo. E as justificativas são sempre constrangedoras.

Na velocidade desse passo, e com o crescimento desse pensamento, não seria exagero ver projetos de lei no futuro com propostas de mudanças de nomes de cidades. Santa Helena virando Eliakim, Santa Bárbara virando Bethel ou São Simão virando simplesmente Simão. Licença poética à parte, seria até engraçado. Uma graça Gospel, por sinal.