quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Dando a mão à palmatória...em breve.


Imagem de um corretivo com palmatória.

Está em debate recente uma proposta de modificação da estrutura de disciplinas a serem ensinadas nas escolas. Insinua-se, sem admitir inicialmente, que não haverá fusão de disciplinas de mesma área, como surgiram comentários de bastidores falando sobre a ideia de aglutinar Filosofia, Sociologia e História numa única disciplina de ciências humanas.
Reflexo de um pensamento positivista que toma forma algumas décadas depois de seu auge por terras brasileiras. Quem diria: um pensamento positivista que ignora ou pormenoriza a sociologia. Usando um bordão popular; Comte deve se revirar no túmulo ao ver coisas do tipo.

A ideia de que o ensino de “verdade” deva ser basicamente idiomas, matemática e biologia prática, encontra abrigo logicamente, nas mentes de burocratas pouco familiarizados com as dinâmicas e processos pedagógicos desenvolvidos e debatidos por décadas e adaptados a cada tempo por entender aspectos temporais. É preocupante que esses assuntos pungentes, decididamente sérios, que maioritariamente surgem de afagos políticos, educadores e especialistas da educação nunca são consultados e quando são, seus pareceres resultam pouco determinantes, porque quase sempre contrariam a ideia propositora. 

Como tratar iguais, alunos de escola privada, com mensalidades em muitos casos equivalentes ao rendimento bruto total de muitas famílias, com alunos filhos dessas famílias em escola pública? Em ambos casos, é inimaginável tratar os dois perfis de alunos como se fossem produtos embalados em uma prateleira. Ou, guardando todas e devidas proporções; como tratar alunos de realidades tão distintas, como cães num curso de adestramento ensinando “Poodles” e “Vira-latas” a seguirem padrões de comando e resposta? (Sim, estereotipei aqui nas referências só para dar uma sacudida).
O problema da educação não está na aplicação de um modelo positivista. Está na falta de atenção que se dá a ela, ignorando as motivações e os contextos sociais dos seres humanos que entram pela porta da sala de aula. Colocar guias ou cabrestos nos personagens da educação é não querer entender o problema, complexo por demais. Nem sempre 2 + 2 são 4.

Daí surge um paradoxo ou melhor dizendo, uma contradição. Em partes, a saber:
Romper com a ordem atual para criar uma nova ordem para obter o progresso é no mínimo contraditório, já que para o positivismo, é preciso manter a ordem para se obter o progresso.
Possivelmente as mentes conservadoras, recém-saídas de seus armários coloniais de madeira de lei, “cheirando” a naftalina, entendem esse processo não como quebra de ordem, mas sim, como reordenamento, flertando sempre com uma ordem duvidosa de décadas anteriores com um ensino de formas definidas e configurações uniformes, que igualava alunos e professores em instrumentos em série, os quais necessitariam apenas de pequenos ajustes (ou descarte e substituição numa análise mais rigorosa). Como nota de recordação é sempre ruim bom relembrar seu ícone estrela:  a “disciplina” de Moral e Cívica e também seu primo bastardo, a Organização Social da Política Brasileira. 

Em tempos de propostas de “escola sem partido”, onde insistem que a doutrinação “vigente” deve ser combatida, soa curioso ver todos os elogios dessas mesmas pessoas às escolas militares, ignorando ou quem sabe até mesmo não se dando conta, de que aquele tipo de “ensino” é PER SE, doutrinador. Desde a ida ao banheiro até o momento de levantar a mão DIREITA durante uma dúvida em sala de aula.

(...uó uó uó... – Como diria um amigo, esse é o som do alarme de proselitismo ligado.)