Imagem de um corretivo com palmatória. |
Está em debate recente uma
proposta de modificação da estrutura de disciplinas a serem ensinadas nas
escolas. Insinua-se, sem admitir inicialmente, que não haverá fusão de
disciplinas de mesma área, como surgiram comentários de bastidores falando
sobre a ideia de aglutinar Filosofia, Sociologia e História numa única disciplina
de ciências humanas.
Reflexo de um pensamento
positivista que toma forma algumas décadas depois de seu auge por terras brasileiras.
Quem diria: um pensamento positivista que ignora ou pormenoriza a sociologia. Usando
um bordão popular; Comte deve se revirar no túmulo ao ver coisas do tipo.
A ideia de que o ensino de “verdade”
deva ser basicamente idiomas, matemática e biologia prática, encontra abrigo
logicamente, nas mentes de burocratas pouco familiarizados com as dinâmicas e
processos pedagógicos desenvolvidos e debatidos por décadas e adaptados a cada
tempo por entender aspectos temporais. É preocupante que esses assuntos
pungentes, decididamente sérios, que maioritariamente surgem de afagos
políticos, educadores e especialistas da educação nunca são consultados e
quando são, seus pareceres resultam pouco determinantes, porque quase sempre
contrariam a ideia propositora.
Como tratar iguais, alunos de
escola privada, com mensalidades em muitos casos equivalentes ao rendimento
bruto total de muitas famílias, com alunos filhos dessas famílias em escola
pública? Em ambos casos, é inimaginável tratar os dois perfis de alunos como se
fossem produtos embalados em uma prateleira. Ou, guardando todas e devidas
proporções; como tratar alunos de realidades tão distintas, como cães num curso
de adestramento ensinando “Poodles” e “Vira-latas” a seguirem padrões de
comando e resposta? (Sim, estereotipei aqui nas referências só para dar uma
sacudida).
O problema da educação não está
na aplicação de um modelo positivista. Está na falta de atenção que se dá a
ela, ignorando as motivações e os contextos sociais dos seres humanos que
entram pela porta da sala de aula. Colocar guias ou cabrestos nos personagens
da educação é não querer entender o problema, complexo por demais. Nem sempre 2
+ 2 são 4.
Daí surge um paradoxo ou melhor
dizendo, uma contradição. Em partes, a saber:
Romper com a ordem atual para
criar uma nova ordem para obter o progresso é no mínimo contraditório, já que
para o positivismo, é preciso manter a ordem para se obter o progresso.
Possivelmente as mentes
conservadoras, recém-saídas de seus armários coloniais de madeira de lei, “cheirando”
a naftalina, entendem esse processo não como quebra de ordem, mas sim, como
reordenamento, flertando sempre com uma ordem duvidosa de décadas anteriores
com um ensino de formas definidas e configurações uniformes, que igualava
alunos e professores em instrumentos em série, os quais necessitariam apenas de
pequenos ajustes (ou descarte e substituição numa análise mais rigorosa). Como
nota de recordação é sempre ruim bom relembrar seu ícone estrela: a “disciplina” de Moral e Cívica e também seu
primo bastardo, a Organização Social da Política Brasileira.
Em tempos de propostas de “escola
sem partido”, onde insistem que a doutrinação “vigente” deve ser combatida, soa
curioso ver todos os elogios dessas mesmas pessoas às escolas militares,
ignorando ou quem sabe até mesmo não se dando conta, de que aquele tipo de “ensino”
é PER SE, doutrinador. Desde a ida ao
banheiro até o momento de levantar a mão DIREITA
durante uma dúvida em sala de aula.
(...uó uó uó... – Como diria um amigo, esse é o som do alarme de proselitismo ligado.) |